Anemia falciforme

Introdução

 O sangue é constituído por plasma e elementos figurados, onde nesses elementos figurados encontramos os glóbulos vermelhos ou hemacias que são responsáveis pelo transporte de oxigénio, essas hemácias são células redondas e contém de um pigmento chamado de hemoglobina, que dá a cor vermelha ao sangue, essa hemoglobina chama-se A, e a diminuição da hemoglobina no sangue causa anemia.(guyton.2010)


 Mas existe um outro tipo de anemia, denominada anemia falciforme, que ocorre em alguns pessoas que não apresentam a hemoglobina A e no seu lugar, produzem outra hemoglobina diferente daquela, chamada hemoglobina S. A hemoglobina S não exerce a função de oxigenar o corpo. Nessas pessoas, as hemácias, em vez de ser  redondas, tomam a forma de meia-lua ou foice. (. JESUS 2007)


Anemia falciforme é um doença genética e hereditária caracterizada por alteração nos glóbulos vermelhos, que perde a forma arrendodada e adquire o aspecto de uma foice, essa alteração acontece quando ocorre uma mutação na estrutura do cromossoma 11, que resulta da substituição do aminoácido glutamato pelo aminoácido valina no codão 6.(  THOMPSON 2002)


Essa doença é conhecida há séculos, provavelmente a doença tenha origem na África, e foi levada as Américas pela imigração forçada dos escravos. Além da África e América ela pode ser encontrada oriente médio, Europa mediterrâneo e na índia. Nos países Áfricanos onde a malária e endémica, a frequência de genes aproxima-se 30% atribuída ao ligeiro efeito protector da HbS contra a malária por plasmodium falciparum.(,Anvisa,et al 2002)


 Esta doença hereditária é transmitida através de  genes  que vem dos nossos pais. Se uma pessoa receber gene do pai com a mutação para produzir a hemoglobina S e da mãe com a mesma característica terá anemia falciforme.(JESUS 2007)


 Não há tratamento específico para a doença falciforme. Assim, medidas gerais e preventivas no sentido de minimizar as complicações da anemia crónica, crises de falcização e susceptibilidade às infecções são fundamentais na terapêutica desses pacientes (Benfano at al 2007)


 


 


 


Objectivos


Gerais


  • Descrever  a anemia falciforme


Específicos


  • Breve historial da anemia falciforme.


  • Definir anemia falciforme
  • Descrever a genética da anemia falciforme
  • Identificar  os sinais e sintomas da anemia falciforme
  • Descrever a fisiopatologia da anemia falciforme
  • Indicar as formas de tratamento da anemia falciforme e ancosselhamento genético.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Historia das pesquisas de hemoglobinas


A hemoglobina é a principal proteína das hemácias, e cuja a função é transportar o oxigénio dos pulmões para os tecidos. Os trabalhos sobre hemoglobina humana começaram com a pesquisa de uma doença hereditária a anemia falciforme.


 Em 1910 James Herrick observou uma anomalia peculiar em forma de foice na estrutura das hemacias em um estudante afro descendente anémico.


 Em 1923 Taliaferro e Huck reconheceram que a condição era hereditária.


 Em 1949 Neel e Beet demonstraram que pacientes com anemia falciforme são homozigoticos para o genes, que no estado homozigoto, causa uma condição inócua: traço falciforme, encontrado em cerca de 8 % da população afro-americanos.


A análise genetico-bioquimica foi feita por pauling e Cols em 1949,que descobriram que o processo de afoiçamento pode estar associado ao estado e  a natureza da hemoglobina dentro do eritrócito. De acordo com o estado, as analises feitas em proteínas usando a eletroforese de tisselius, revelaram uma alteração alélica em um único genes.


 Pauling e seus colaboradores, em 1949 descobriram uma alteração molecular na proteína de uma doença hereditária para sugerir que a anemia falciforme era primeiro exemplo de uma doença molecular.


Em 1956, Ingran descobriu o que distinguia a hemoglobina normal da falcemica usando o método “fingerpring” de analise de proteína e revelou que a hemoglobina falcemica era idêntica a molécula normal em todos os péptidos excepto um, e essa diferença  deve-se a substituição de um só aminoácido na molécula da hemoglobina : o acido glutámico era substituído pela valina (ROBSSON-OSORIO, 2002)


 


 


 


Definição


Anemia falciforme é um distúrbio autossómico recessivo  caracterizada pela alteração nos glóbulos vermelhos que perde a forma arredondada e adquire o aspecto de uma foice , essa alteração acontece quando ocorre uma mutação na estrutura do cromossoma 11, que resulta da substituição do aminoácido glutamato pelo aminoácido valina no cordão 6. ( THOMPSON 2002).


 


 Causas


A anemia falciforme é causada por mutação genética, responsável pela deformidade dos glóbulos vermelhos. Ela é transmitida através de genes que vem dos nossos pais. Se uma pessoa receber gene do pai com a mutação para produzir a hemoglobina S e da mãe com a mesma característica terá anemia falciforme.(JESUS 2007)


 


 

A

s

A

AA

As

S

As

ss


 


Onde:


As: traço falcemico-50%


AA: sem alteracao-25%


ss : com anemia falciforme-25%


 


quadro adaptado: cruzamento em indivíduos portadores (JESUS 2007)


 


 


 


Genética da anemia falciforme


  A génese resulta de uma mutação pontual no gene beta da globina, em que há a substituição de uma base nitrogenada do códon GAG para GTG, resultando na troca do aminoácido glutâmico (Glu) pela valina (Val) na posição número seis do gene. Essa substituição origina uma molécula de hemoglobina anormal denominada hemoglobina S (HbS), ao invés da hemoglobina normal chamada de hemoglobina A (HbA). (ANVISA at al 2002)



 


Figura.adaptada : http:www.alteraçõesgeneticas.blogs.sapo.pt//1520htm. Mudança de glutamato por valina.


 


 Incidência da Anemia falciforme


Várias literaturas tem mostrado que a doença falciforme afecta indivíduos de raça negra , tem origem na África, apesar de sua incidência prevalecer em indivíduos desta região, estudos populacionais têm demonstrado a presença da hemoglobina S em indivíduos descendentes de populações do Mediterrâneo, Caribe, América Central e Sul, Arábia e Índia. A doença entrou no continente americano principalmente pelo comércio de escravos proveniente da África. . Nos países onde a malária e endémica, a frequência de genes aproxima-se 30% atribuída ao ligeiro efeito protector da HbS contra a malária por plasmodium falciparum.(,Anvisa,et al 2002)


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Fisiolopatologia da doença


 


A substituição do ácido glutâmico pela valina, provoca modificações estruturais na molécula da hemoglobina, que afecta a solubilidade e a cristalização dessa hemoglobina sob condições de baixo teor de oxigénio, a HbS polimeriza dentro de filamento de alto peso molecular, que se associam para formar feixes fibroso e rígidos que torcem a membrana da hemácia em forma de foice. Esse fenómeno é conhecido como a facilização. ( ROBISON 2002)


 



Figura adaptada . afeiçoamento das hemacias.(JESUS 2002)


 A falcilização dos eritrócitos ocorre pela polimerização reversivel de HbS dentro da célula sob condições de desoxigenação. Os eritrocitos em forma de foice são sequestrados e prematuramente e destruídas pelo sistema monocito fagositário , essa destruição se for acentuada pode levar a anemia por hemolise dos eritrócitos, a chamada anemia hemolítica. ( AVISA at al 2002)


As células falciforme aumentam a viscosidade do sangue e impedem a circulação normal nos pequenos vasos sanguíneos provocando a obstrução recorrente da circulação que vai levar a crises vasos- oclusivas, acarretando danos aos órgãos internos especialmente o coração, pulmões e rins (ROBSON-OSORIO 2002)


 


Quadro clínico


As manifestações da doença falciforme inclui:


  • Crises vaso-oclusivas
  • Crises aplásicas
  • Crises dolorosas
  • Esquémia do sistema nervoso


  • Anemia hemolítica
  • Dor abdominal


  • Icterícia,
  • Cardiomegalia,
  • Hematuria,
  • Úlcera da perna,
  • Osteoporose cerebral,
  • Manifestações neurológicas
  • Fertilidade diminuída ( ROBINSON- OSÓRIO 2002)


Nas crianças no inicio são protegidos por alto níveis de hemoglobina Fetal mas a partir dos 6 meses iniciam os sintomas, podem apresentar síndrome das mãos e dos pés (edema das partes moles).


 A dor localiza-se no abdómen (simulando-se como abdómen agudo).


 Acredita-se que as crises dolorosas resultam da oclusão microvasculares e lesão tecidual hipoxia associada.


A esquemia do sistema nervoso central, manifesta-se por cefaleia, convulsões ou hemeplegia.


Crise aplasicas consiste em uma sensação súbita mas geralmente temporária da actividade da medula óssea. ( kwmar,2005)


 


 


Diagnóstico


Pode se fazer o diagnóstico clínico e laboratorial.


 O clínico é através dos sinais e sintomas.


O diagnostico laboratorial pode se fazer a demonstração da eletroforese de hemoglobina é o exame laboratorial específico para o diagnóstico da anemia falciforme, mas a presença da hemoglobina S pode ser detectada pelo teste do pezinho quando a criança nasce.(ANVISA,2000)


O diagnostico pré-natal da anemia falciforme pode ser realizado analisando o DNA em células fetais obtidas por amniocentese ou biopsia das vilosidades corionicas. (kwmar,e tal.2005)


 


 Profilaxia e tratamento


 


Medidas gerais e preventivas no sentido de minimizar as complicações da anemia crónica, crises de falcização e susceptibilidade às infecções são fundamentais na terapêutica desses pacientes. Estas medidas incluem boa nutrição; profilaxia, diagnóstico e terapêutica precoce de infecções; manutenção de boa hidratação e evitar condições climáticas adversas.


A profilaxia inclui:


  •  Profilaxia medicamentosa com penicilina;
  • Vacinação contra pneumococos nas idades apropriadas;


 


A profilaxia com penicilina previne 80% das septicemias e deve ser iniciada apartir dos 3 anos e continuada até aos 5 anos de idade para todas as crianças. O esquema recomendado pelo Ministério da Saúde, no Manual Diagnóstico e Tratamento de Doenças Falciformes (ANVISA 2001), é:


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 Pode-se utilizar a forma oral (Penicilina V)  ou parenteral (Penicilina benzatina), na seguinte posologia:


Via oral


  • 125mg VO (2 vezes ao dia) para crianças até 3 anos de idade ou 15kg.
  • 250mg VO (2 vezes ao dia) para crianças de 3 a 6 anos de idade ou com 15 a 25kg.
  • 500mg. VO (2 vezes ao dia) para crianças com mais de 25kg.


Pencilina benzatina - Intra muscular, a cada 21 dias:


  • 300.000 U para crianças até 10kg.
  • 600.000 U para crianças com 10 a 25kg.
  • 1.200.000 U para crianças com mais de 25kg.


Em casos de alergia a penicilina, pode se administrar 20 mg/kg de eritromicina etilsuccinato via oral, 2 vezes ao dia.


Hidroxiuréia


 


 É uma droga citotóxica que aumenta a síntese de hemoglobina fetal em pacientes com anemia  falciformes. A hidroxiuréia actua inibindo a ribonucleotídeo-redutase, que reduz os ribonucleosídeos-difosfatados em desoxiribonucleotídeos necessários para a síntese de DNA,  forma um complexo com o ferro não-heme, necessário para a actividade enzimática.


 Sendo a hidroxiuréia um agente que induz depressão da medula óssea, deve-se ter atenção quanto ao número de granulócitos, plaquetas e reticulócitos dos pacientes submetidos ao tratamento, que não devem ser inferiores a 2x109/L, 100x109/L e 50x109/L respectivamente.


 A dose inicial é de 10mg/Kg de peso, alcançando até 30mg/Kg de peso. (Benfano at al 2001)


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Conclusão


A Anemia falciforme é um distúrbio autossómico recessivo, essa doença hereditária afecta indivíduos de raça negra, ela  teve origem no continente africano e pode ser encontrada em várias regiões do mundo, ela pode ser transmitida pelos progenitores quando esses forem portadores do gene da hemoglobina que causa a anemia falciforme.


A anemia falciforme é causada por mutação genética, responsável pela deformidade dos glóbulos vermelhos, que ocorre na estrutura do cromossoma 11, que resulta da substituição do aminoácido glutamato pelo aminoácido valina no cordão 6, em que os eritrócitos perde a forma arredondada e adquire o aspecto de uma foice.


O quadro clínico inclui anemia hemolítica grave, crises vasos oclusivas, crises aplasicas, icterícia e crises falcemicas, cardiomegalia, hematúria, úlcera da perna osteoporose vertebral, manifestações neurológicas.


O diagnóstico precoce nas consultas pré-natal e em triagem das crianças ajudam a minimizar as complicações da doença visto que não existe tratamento específico para a doença.


 


 


 


 


 


 


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Referencia Bibliográfica


 Robinson WM, Borges-Osório MR; Genética Humana; , 2ª edição, Editora  Artmedica, 2002.p209-216


Motulsky Vogel, Genética Humana.problemas e abordagem,3ª edição, editora guanabara-koogan,rio de Janeiro,2000.p206-246


  Jesus, Aragão, Joice.(2007) Manual de Anemia Falciforme para a população, editora MS; Brasília


 Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); 2002;Manual de Diagnóstico e tratamento de doenças falciformes.p142


Benfato.MS.2007;fisiopatologia da anemia falciforme, Porto Alegre;vol.19, nº 1/2.


Naoum, Cesar, Paulo, doença dos eritrocitos, ACeT (Academia de ciencias e tecnologias), São José do Rio preto-SP


Dayana.V.P.Di Nuzzo.at al; Sickle Cell Disease and Infection. 2007.by sociedade brasileira de pediatria. Artigo de revisão nº 0021-7557/04 80-05/347


Griffith.J.H.Miller,at al ,Introdução a Genética ,7ª edição ,editora guanabara-Googan,2000.p 104-105

Kwmar.Vinay,Contral Ramis,Stantey-Robbins, Patologia Básica, editora ganabara-Koogan,2005.p275-277